domingo, 26 de janeiro de 2014
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
DAS MINHAS ÀS SUAS CONVENÇÕES - O nosso tempo.
A, de flores deveria viver o
homem. Mas não é bem assim...
Creio que esse início de milênio
seja de libertação, em todos os sentidos, parece que todos os tipos de prisões
estão sendo abertas e tantas outras subvertidas. Os conceitos formados caem
cotidianamente por terra e as opiniões se fortalecem e unificam, por um lado se
desmontam e se perdem por outro. Onde nada mais se cria, a reinvenção toma
conta das manifestações de todos os tipos, as sociais, as artístico-culturais,
as pessoais...
Certamente as pessoas tem notado
o quanto de habitantes no mesmo rumo estão ao seu lado, ficar só virou privilégio
de poucos, porém, sentir-se só, é quase como um corriqueiro sentimento humano. Temos
mais habitantes no mundo e com isso as sensações, as conceituações,
manifestações humanas e tudo mais também tornaram-se múltiplas, amplas
numericamente e abrangentes geograficamente. Ainda assim, não podemos esquecer
que estamos mais individualistas.
Tudo mudou, tudo está diferente
para aqueles que viveram outras décadas e tudo parece pedir resgate, para os
que acompanham os novos tempos e que são filhos dele, esse choque de períodos –
MODERNIDADE, PÓS-MODERNIDADE, PRÉ-CONTEMPORANEIDADE – CONTEMPORANEIDADE – ainda existente em uma mescla confusa, só que
mais amenos impõem e uma maior reflexão dos acontecimentos em tempo real. Somos
contemporâneos de nós mesmos e não há nada mais confuso do que uma análise em
tempo real, ainda quando não se digeriu todas as fervuras de um tempo que é
mais do que mera cronologia.
Bom, indo à parte prática, o que
mais me chama atenção são as manifestações - que ao meu ver, demoraram muito para acontecer
- das classes que sempre foram dominantes em quantidade e subjugadas ou
oprimidas pelas classes menores em quantidade numérica, ainda que maior em domínio
econômico social e político. Vemos claramente que, essa massa maior que
estabilizava de forma cômoda os topos piramidais está se movendo, ainda que de
forma desorganizada, sem rumo definido. Sim, ela se move. É como arrancar uma raiz
fincada por séculos de opressão em uma terra seca por baixo e adubada por cima,
com frutos e folhas que contemplam apenas uma parte em direção ao tronco – os médios
de ligação entre a grande raiz e os galhos bem nutridos e mamados.
Imagine então, essa raiz ganhando
força, se desligando da terra seca que a prende e se movendo – ainda desnorteada,
sem direção certa, mas om objetividade - os frutos e folhas se soltando e
deixando os galhos descobertos, o tronco dividido entre o peso de pêndulo
superior e minoritário e a, agora, forte raiz com poder de mobilidade,
deslocando-se lenta e pesadamente, mas com um grande “pisão” de significados.
Lindo de ver, não? Há quem ache penoso, eu não. Bom, é assim que eu vejo a
nossa atual sociedade, as nossas atuais manifestações, políticas, sociais,
culturais, e no frigir dos ovos, antropológicas!
Acho lindo o negro se impor e
dizer a toda uma sociedade (de grande maioria negra) que ele é capaz, que é tão
forte quando a herança de sua origem, que é tão inteligente quanto qualquer um
de qualquer cor e que sua pele nada difere das outras, além de, tão merecedora
de todos os ganhos e perdas como qualquer outra. Lindo é ver uma pessoa com
padrões desconstruídos se afirmar como uma identidade própria, cheio de alto-estima
e amor próprio, o mesmo acontece com a sexualidade afirmada e diferente do
costumeiro de uma sociedade culturalmente machista, assim como ver a ascensão
feminina e sua liberdade profissional, social e sexual mais assegurada – pelas próprias
mulheres. A organização de quem está na
linha econômica menos favorecida e que lutar por uma situação melhor e mais
digna, é de orgulhar pela capacidade de superação de um povo que é massacrado
cotidianamente em muitos aspectos. Dizer a uma sociedade inteira que você é o
que é e que não precisa mudar não é o “x” da questão, afirmar-se para sí mesmo
e quebrar seus próprios conceitos que lhe foram impostos ao longo de sua
criação e formação intelectual é o que vão definir a sua liberdade de expressão
e o seu caráter. Caráter esse que vai definir não são a sua própria aceitação
como a aceitação do outro, a forma como se pode receber o seu diferencial e
diferente não é a mesma forma de receber o do outro.
Quando falo de raízes fortes
fincadas em uma terra seca por fora e adubada fria e calculadamente por cima, é
disso que falo. As formas de expressão de um povo vazem parte de uma gama de
tendências que ao longo do tempo se findam em conceitos culturais, mas tais
demandas podem mudar individualmente, o efeito boiada pode se desfazer aos
poucos e particularmente (individualmente) primeiro, sendo mais abrangente
depois, aos poucos. É sobre isso que falo, das mudanças. É isso o que noto. O
nosso tempo tem se entendido, todos estamos nos esforçando para entendermos a
nós mesmos, e aos acontecimentos ao redor, ao outro, ainda que esse movimento
venha de forma genérica em algum momento, vejo como a melhor fase da humanidade
daqui a algum tempo. Claro que isso não eliminará os males do mundo, tantas
outras situações surgem de novas mudanças, e elas já existem.
Somos mais depressivos,
desenvolvemos mais síndromes, talhamos mais situações a fim de um maior
entendimento e por isso as confusões psíquicas são mais aparentes, desdobramos
situações, fazemos confusão sobre esse entendimento, até que ele se encaixe...
Aaaaah, tudo mudou e ainda continuamos os mesmos.
Às velhas buscas, só que agora, com
mais intensidade. Ao nosso tempo!
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