segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

10ª Bienal do Recôncavo

A 10º Bienal do Recôncavo foi realizado Centro Cultural Dannemann, na cidade de São Félix em 27 de Novembro. Com artistas selecionados da Bahia e outros Estados como SP, MG, RJ, DF, RS, PE e PA, a Bienal seleciona, premia e menciona nomes de artistas já conhecidos e outros tantos a serem revelados.




Indo à Bienal partindo de Salvador em um ônibus muito confortável e bem preparado oferecido pela UFBA- Universidade Federal de Salvador me deparei com um número muito pequeno de artistas  que pretendiam assim como eu prestigiar o evento e as obras expostas no Centro Cultural Dannemann. A Bienal me pareceu demasiadamente fraca, obras pouco significativas e muito repetitivas, passando a impressão de poucas opções ou de critérios já “batidos” na seleção dos trabalhos., o que é lamentável tendo em vista a gama de bons artistas no próprio Recôncavo, na Bahia assim como em todo o território nacional.
Fui pela primeira vez em 3 anos dentro da  Escola de Belas Artes- EBA e me decepcionei com a Bienal, com a organização desde a exposição dos trabalhos até a vende de um catálogo disputado por ninguém e vendido para poucos que queriam mostrar ter ido a um evento de arte no Recôncavo.
As performances imperam os salões e a falta de capacidade criativa as seguem, todos querem aproveitar os holofotes e tirar uma casquinha para si, ou tem o profundo desejo de estar em um evento como vencedor, mesmo que por uma ilusão de ser um participante.

Img. Cachoeira, entrada de São Félix - BA /Recôncavo baiano.

Img. Obras expostas na 10ª Bienal do Recôncavo

Img. Performance Prof. Wagner Lacerda / Escola de Belas Artes - UFBA

Img. "Obra" em parte lateral do Dannemann

Img. Restos de uma performance em que pedaços de carne crua e assada eram oferecidos

COMISSÃO JULGADORA:
ALDO TRIPODI – Jornalista,  crítico, pesquisador em arte contemporânea.
CHICO LIBERATO – Artista Plástico.
DANILLO BARATA – Cineasta, professor da UFRB

Apenas uma performance me chamou atenção. Uma atriz, Roberta, cujo sobrenome ficarei devendo informar. Sua performance salvou a noite da Bienal com uma suave e muito significativa em sua interpretação performática.
Tenho receio das performances, acho-as mais show que expressão artística de fato. Aplaudi, me curvei à jovem atriz que soube ATUAR (nem todo artista visual sabe atuar e mesmo assim andam arriscando e levando “no carão” suas performances pouco pensadas e bem mais bizarras) de forma sutil, sem exageros e com muito glamour. Com um tema muito comum até, Roberta mostrou a dor e prazer de ser mulher e as torturas a que é submetida e se submete. Com uma cruz muito pesada em madeira, adereços do universo de beleza feminino e uma projeção com fundo musical provinciano e bem adequado. Acredito ter durado mais de 2h o que seria apenas a minha queixa, o tempo de exposição de uma performance pode fazer morrer a intenção do “Valor” da obra ali proposto, e entre escapadas de seio e mudanças de posição o perigo dessa perda do “Valor de Arte” transformando-se em show, não aconteceu. O que me fez muito feliz ao contemplar a obra.


Img. 01  Performance da Atriz Roberta >>

Img. 02 Performance (com projeção de imágens e fundo musical)

Img. 03 Performance (com projeção de imágens e fundo musical)

O Catador de Papelão, outra obra que tem a minha ressalva e por mim e por tantas outras pessoas que comentaram seria o ganhador. O que não faz desmerecer os metros de paredes riscadas (desenhadas) com piloto de lousa do prêmio principal.

Img. O Catador de Papelão*

Detalhe, nós, estudantes de teatro, artes visuais e museologia, entre conversas analíticas a respeito das obras premiados ou não e da organização do evento e da própria Bienal, nos divertimos bastante e soubemos aproveitar a curta estadia de 2 dias com  caminhadas entre as cidades de São Félix e Cachoeira. Em uma confraria doméstica na cozinha de uma escola muito mimosa onde fomos delicadamente alojados, entre o preparo de uma massa ao olho e óleo (sem sal) e brincadeiras provenientes de jovens acadêmicos surgiu um fato inusitado. Descobrimos que nossos vizinhos eram defuntos. Dormimos ao lado de um atípico e gracioso cemitério. 
Fofo, diria ser até, contemporâneo!!!

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