sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

PARADÓXO - Padrão do Gosto de David Hume X Padrão do Gosto na atualidade

Uns preferem o sabor do morango, outros do chocolate, há quem prefira banho frio e outros tão quente que quase escalpela. Loiras ou morenas, ruivas, baixinhas ou altas, gordinhas, magérrimas. As opções são muitas e de acordo com a preferência de cada pessoa, o que mais identificam-se, mais sentem-se à vontade. Assim Hume argumenta que o Gosto provém do sentimento e por isso não poderia haver então Padrão do Gosto.
Porém, esse argumento é justificável quando estarmos perante objetos de qualificações semelhantes, mas, uma vez que diante de objetos de propriedades completamente diferentes em termos de qualidade os padrões de gosto para uma qualificação se formam de maneiras diferenciadas por conta do senso comum, como uma música que seria mais escutada pela maior parte da população de um determinado local e outra menos e por isso ganha a qualidade de “boa música“. A música mais escutada toma caráter falso de qualidade. O perfume mais vendido seria o melhor? Seria o melhor perfume mais vendido por ser realmente por se tratar da  melhor fragrância da loja ou quem sabe por ser o mais barato?

David Hume diz que a causa não seria apenas o senso comum, mas estados de espírito, hábitos e conhecimento podem interferir nessa questão, justificando assim o padrão de gosto.  Qualquer um pode por interesse próprio adquirir conhecimento para conhecer com excelência a melhor música, a melhor fragrância, o melhor recital, peça ou espetáculo assim como uma obra de arte, basta dedicar-se a pensar nas características ideais para acontecer.

 A vida social assim como seus costumes, sejam eles culturais econômicos, políticos ou religiosos interferem diretamente no Padrão do Gosto perante as propostas da estética atual, que vive em um misto proveniente das vivências do século XXI dotadas de abrangências e redundâncias, tais como a influência da internet e da vasta interação na comunicação com as diversas linguagens e experiências imediatistas dos tempos chamado de Contemporâneo.
De certo há uma desconstrução do Padrão do Gosto de tempos atrás, mudança de valores. Quem antes era leigo em assuntos como a estética hoje pode decidir com mais discernimento o que lhe confere como qualidade no Padrão do gosto de uma forma mais individualista, assim como também o leque de opções para oferta nos tipos de estética se encontra cada vez mais largo, apresenta-se então, uma maior necessidade de compreensão e busca de informações por mais que minimalistas sejam entendendo assim a estética consumida e ou admirada.

Uma pintura era apreciada por suas cores, técnica pictórica e figura representada, sendo apenas a pintura aparente como objeto estático e bidimensional, muitas vezes com valor estético ordenado como era no Período Bizantino onde as pinturas deveria ter temática apenas religiosa. Quem as apreciava teria que experimentar de um padrão de gosto estabelecido por uma ordem mais complexa de pré-modulação da estética de arte, assim como o comportamento das pessoas e a aceitação e condicionamento dessa mesma estética estabelecida.


A realidade agora gira em torno de um liberdade de expressão com desprendimento do valor estético (ou estética pertinente a seu tempo) e de padrões de gosto, horas regado ao senso comum nos pólos mais populares, horas ao erudito como forma do novo conhecido estético, mas o principal agente no padrão do gosto atualmente sem dúvida é o misto de conceitos que “desconfigura configurando” (retomando aos “valores” do século XXI). Com a nova ordem de não se encaixar em nada por ser pertencente a tudo fica difícil de estabelecer um padrão do gosto fixo e dito de qualidade (bom gosto). A liberdade permite ser o que se quer ser e o mesmo o nada, o que gera claramente uma confusão, indecisão no Padrão do Gosto Estético atual, tal qual vive o homem do século XXI e tendo em vista as obras produzidas e o discurso a respeito das mesmas, a chamada ARTE CONCEITUAL. 
Toda arte já não possiuria por sua "natureza", um conceito?

Pintura instalação, performance teatral, recital dançante, poesia cantada, musica popular com caráter de erudito e música erudita se popularizando, movimento artístico sendo qualificado antes mesmo de ser concluído. Tão difíceis de se identificar e compreender e ao mesmo tempo tão presentes e consumidos, eis o que adorna o Padrão do Gosto nos dias atuais. È a tal CONTEMPORANEIDADE!




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