quinta-feira, 21 de março de 2013

Nota - AMORES FUGAZES NA CONTEMPORANEIDADE II

 






Inevitavelmente eu me enquadro em todas as questões apontadas pelo post abaixo, estou fadada aos mesmos males e benevolências (pois elas também devem existir - resgates), primeiro por viver nessa mesma época, nesse mesmo período contemporâneo, segundo por ser tão humana quanto toda e qualquer pessoa que habite a terra, sendo sujeita a todas as questões de mudança nas relações humanas e buscas individuais. Vivo as mesmas ansiedades e atropelos.

Minhas pesquisas se arrastam por anos (para ser mais precisa, está completando 8 anos), e as relações humanas sempre foram para mim um grande desafio de entendimento. Ainda que eu bem me relacione com as pessoas de um modo geral - com as pessoas e não, com todos os seus feitos.

Sofremos mudanças das mais agudas às mais graves, e observando os mecanismos das mostras artísticas e como as artes (obras) são contadoras de história, pode-se assim perceber o quanto estamos mudados. Todo e qualquer conhecimento teórico, bem como o prático apontam para a mesma direção e, as vielas em que nos encontramos são as apontadas pelo sociólogo Zigmunt Bauman em seus livros “Amor Líquido” e “Modernidade Líquida” de literatura informativa e pertinente. Considero-os livros de necessidade social e educativa.

Não há em mim uma fagulha se quer de crítica pessoal, e em meu post. Há uma preocupação social em um nível universal. As pessoas com as quais eu mantenho contato, as novas amizades e conhecidos, os relatos científicos, as notas informativas, as conversas paralelas, os acontecimentos do dia-a-dia, e até as produções artísticas como na música, cinema, artes visuais e fotografia, reforçam a busca incessante por posses, o distanciamento e dificuldades de relacionamentos em seus diversos gêneros, os “valores” subvertidos das famílias (pela mudança na formação das mesmas e a falta de tempo dos provedores no educar) e tantos outros acontecimentos que, contam de forma muito nítida o caminho da nossa civilização atualmente.

Mais pessoas habitam o mundo, mais pessoas precisam se alimentar, querem suas moradias, confortos, realizações de desejos materiais, as pessoas disputam mais pelo simples fato de ter maior concorrência. Queremos nos informar mais, sair disparado na frente do outro, mostrar potência personalidade nas ações e falas, nos tornamos mais frios e calculistas para saber lidar com a superlotação no mundo e isso vem aumentando a largos passos. Contudo, passamos a uma objetividade maior em nossas buscas pessoais, tornamo-nos quentes, fervorosos, famintos e sedentos sempre por mais, se há uma oferta abundante e a ela nos acostumamos, ela se faz presente.

Entram aí as relações pessoais, as relações que não perduram mais. O quanto nos é oferecido só pode ser diferido pela qualidade, põe-se aí, o risco da perda (o lançar mão da quantidade torna-se confuso e complexo pelo costume e medos de troca pela comodidade do que se habituou e o medo do apego pela qualidade, medo de que ela se vá depois da entrega). A identificação de um em meio a muitos, a tolerância de saber experimentar uma só pessoa sem se perder em muitas. Isso não se restringe ao homem, as mulheres se encontram em pé de igualdade, e isso também não se restringe às relações facilitadas da internet, pois, basta sair de casa e encontrar um mudo de possibilidades fora dela.

Nos diversos gêneros e orientações sexuais, as pessoas buscam seu par, assim como sempre foi e será na vida. O que hoje difere é essa abundância de ofertas por uma falta de objetividade no campo afetivo atrelada ao comportamento individualista que tomamos como sobrevivência e que foi transferida para essas relações amorosas. Isso se dá em todos os níveis e abrangências possíveis, não se referem a especificações, referem-se à raça humana, todos estão fadados a esses acontecimentos e em algum momento, a questionamentos.

Nosso período nos reservou a aceleração global, com todos os “temperos” a ele acumulados dos períodos anteriores. Dentro de tudo isso, os males se formam. Doenças de cunho psicológico têm sido mais frequentes, pesquisadores dizem que as depressões serão as subsequências de doenças da contemporaneidade.

Nota-se já, a tentativa de um resgate de condutas nos campos ético-sociais, educacionais, no campo da própria saúde como preventivo, e sim, no campo pessoal, nas nossas relações humanas. Exemplos como esses, vemos nas manifestações na internet, com frases de busca pelos valores humanos, que me parece ser um ensaio para a vivência a vera de nossas relações pós-saída da frente dos nossos computadores.







Meus estudos ainda são considerados por mim, pequenos, miúdos, ainda sem fundamentos palpáveis para maiores conclusões. Como eu não possuo qualificação específica para arremates científicos, me atenho a dizer que tenho esperança de que, sejamos mais e melhores em nossas relações pessoais. É de meu desejo profundo que, nos percebamos em meio a nós mesmos de maneira generosa e que, possamos perceber uns aos outros também. Assim entender que a QUANTIDADE de oferta do mundo é apenas um ensaio para a QUALIDADE na objetividade.

Qualidade de vida não é quantidade de vida. Afinal, “só se vive uma vez” e, se traduzimos erroneamente essa frase, ainda dá tempo de revê-la (se assim for de nossas vontades).


 

Ricos vazios, pobres insatisfeitos. Pobres felizes, ricos ao valor do que possuem.





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