Inevitavelmente eu me enquadro em
todas as questões apontadas pelo post abaixo, estou fadada aos mesmos males e
benevolências (pois elas também devem existir - resgates), primeiro por viver
nessa mesma época, nesse mesmo período contemporâneo, segundo por ser tão
humana quanto toda e qualquer pessoa que habite a terra, sendo sujeita a todas
as questões de mudança nas relações humanas e buscas individuais. Vivo as
mesmas ansiedades e atropelos.
Minhas pesquisas se arrastam por
anos (para ser mais precisa, está completando 8 anos), e as relações humanas
sempre foram para mim um grande desafio de entendimento. Ainda que eu bem me
relacione com as pessoas de um modo geral - com as pessoas e não, com todos os
seus feitos.
Sofremos mudanças das mais agudas
às mais graves, e observando os mecanismos das mostras artísticas e como as
artes (obras) são contadoras de história, pode-se assim perceber o quanto
estamos mudados. Todo e qualquer conhecimento teórico, bem como o prático
apontam para a mesma direção e, as vielas em que nos encontramos são as
apontadas pelo sociólogo Zigmunt Bauman em seus livros “Amor Líquido” e
“Modernidade Líquida” de literatura informativa e pertinente. Considero-os
livros de necessidade social e educativa.
Não há em mim uma fagulha se quer
de crítica pessoal, e em meu post. Há uma preocupação social em um nível
universal. As pessoas com as quais eu mantenho contato, as novas amizades e
conhecidos, os relatos científicos, as notas informativas, as conversas
paralelas, os acontecimentos do dia-a-dia, e até as produções artísticas como
na música, cinema, artes visuais e fotografia, reforçam a busca incessante por
posses, o distanciamento e dificuldades de relacionamentos em seus diversos
gêneros, os “valores” subvertidos das famílias (pela mudança na formação das
mesmas e a falta de tempo dos provedores no educar) e tantos outros
acontecimentos que, contam de forma muito nítida o caminho da nossa civilização
atualmente.
Mais pessoas habitam o mundo, mais
pessoas precisam se alimentar, querem suas moradias, confortos, realizações de
desejos materiais, as pessoas disputam mais pelo simples fato de ter maior
concorrência. Queremos nos informar mais, sair disparado na frente do outro,
mostrar potência personalidade nas ações e falas, nos tornamos mais frios e
calculistas para saber lidar com a superlotação no mundo e isso vem aumentando
a largos passos. Contudo, passamos a uma objetividade maior em nossas buscas
pessoais, tornamo-nos quentes, fervorosos, famintos e sedentos sempre por mais,
se há uma oferta abundante e a ela nos acostumamos, ela se faz presente.
Entram aí as relações pessoais, as
relações que não perduram mais. O quanto nos é oferecido só pode ser diferido
pela qualidade, põe-se aí, o risco da perda (o lançar mão da quantidade
torna-se confuso e complexo pelo costume e medos de troca pela comodidade do
que se habituou e o medo do apego pela qualidade, medo de que ela se vá depois
da entrega). A identificação de um em meio a muitos, a tolerância de saber
experimentar uma só pessoa sem se perder em muitas. Isso não se restringe ao
homem, as mulheres se encontram em pé de igualdade, e isso também não se
restringe às relações facilitadas da internet, pois, basta sair de casa e
encontrar um mudo de possibilidades fora dela.
Nos diversos gêneros e orientações
sexuais, as pessoas buscam seu par, assim como sempre foi e será na vida. O que
hoje difere é essa abundância de ofertas por uma falta de objetividade no campo
afetivo atrelada ao comportamento individualista que tomamos como sobrevivência
e que foi transferida para essas relações amorosas. Isso se dá em todos os
níveis e abrangências possíveis, não se referem a especificações, referem-se à
raça humana, todos estão fadados a esses acontecimentos e em algum momento, a
questionamentos.
Nosso período nos reservou a
aceleração global, com todos os “temperos” a ele acumulados dos períodos
anteriores. Dentro de tudo isso, os males se formam. Doenças de cunho
psicológico têm sido mais frequentes, pesquisadores dizem que as depressões
serão as subsequências de doenças da contemporaneidade.
Nota-se já, a tentativa de um
resgate de condutas nos campos ético-sociais, educacionais, no campo da própria
saúde como preventivo, e sim, no campo pessoal, nas nossas relações humanas. Exemplos como esses, vemos nas manifestações na internet, com frases de busca
pelos valores humanos, que me parece ser um ensaio para a vivência a vera de
nossas relações pós-saída da frente dos nossos computadores.
Meus estudos ainda são
considerados por mim, pequenos, miúdos, ainda sem fundamentos palpáveis para
maiores conclusões. Como eu não possuo qualificação específica para arremates
científicos, me atenho a dizer que tenho esperança de que, sejamos mais e
melhores em nossas relações pessoais. É de meu desejo profundo que, nos
percebamos em meio a nós mesmos de maneira generosa e que, possamos perceber
uns aos outros também. Assim entender que a QUANTIDADE de oferta do mundo é
apenas um ensaio para a QUALIDADE na objetividade.
Qualidade de vida não é quantidade de
vida. Afinal, “só se vive uma vez” e, se traduzimos erroneamente essa frase,
ainda dá tempo de revê-la (se assim for de nossas vontades).
Ricos vazios, pobres insatisfeitos.
Pobres felizes, ricos ao valor do que possuem.
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