segunda-feira, 22 de abril de 2013

Ok! Me rendo ao Leleke lek lek





A um tempinho atrás eu critiquei (no facebook) a música do Leke lek lek e a postura de quem estava postando uma música que, ao meu ver era inconsistente e vazia culturalmente que, não trazia informação construtiva. Me disseram que era música pra balançar (coisa que eu concordo) e que eu deveria deixar passar. Ainda assim eu retruquei a respeito da diferença de uma música bem letrada e construtiva  como manifestação cultural que realmente diga alguma coisa.

No início do mês eu li uma reportagem da Folha de São Paulo que dizia que duas produtoras estavam lutando pelo direito de usar as músicas e o grupo dos meninos cariocas que estouraram com o Leke lek lek, já que duas grandes companhias queriam usar em seus comerciais a música. Eu entendi uma situação social e também econômica por trás de algo que me irritava (por mera arrogância de minha parte em achar que possuo critérios suficientes para julgar a manifestação da arte de alguém, ainda que não me agrade, coisa que eu não sou de fazer, mas caí no erro e fiz), e que agora eu entendo tanto o fenômeno da música estourar,  quanto o pedido de relaxamento em um julgamento severo e tenso de minha parte.

Minha postura geralmente não é de julgar comportamentos ou manifestações artísticas a não ser que ela venha pautada da falta de ética, de humanidade ou injustiça, mas eu julguei por achismos e agora digo que, minha opinião é contrária a que defendi anteriormente e vou dizer os motivos.

A mais ou menos 2 meses atrás eu vi uma mãe com seu filho ainda de colo em uma roda de pagode, isso acontece muito e creio que seja inadequado para crianças essa e tantas outras situações como  acontece nos bailes de Funk carioca. Além do tratamento referido a nós mulheres nas letras dos pagodes baianos. Tudo isso me faz querer as coisas de maneira diferentes, menos agressivas e depreciativas. Porém, realizo para um fato, o cultural, o das manifestações naturais de acontecimentos no cotidiano das pessoas que, ao longo do tempo, torna-se a cultura de um povo. Aliás, independente do tempo, é cultura e negar isso é também negar boa parte da população (a maior parte dela na verdade) brasileira. Isso me fez reflatir mais a respeito dessas manifestações populares, e como eu estava dizendo acima, ler a matéria da Folha me fez refletir a respeito do alcance da música desses garotos (que não possui letra instrutiva, mas que também não degrada), ver a disputa pela música (nota-se claramente o interesse pelo dinheiro - os interesseiros partirão de todas as áreas e disputas como essas vão acontecer sempre) dos garotos que possivelmente poderão ter - agora - melhor instrução para produzir sua arte e que provavelmente ajudar suas famílias, amigos e possivelmente até a sua comunidade. Isso me fez perceber que eu e nem ninguém pode julgar algo que não se conheça a fundo, que não se pode ter preconceitos - coisa básica -com o que não causa um malefício de fato ainda que não traga uma construção a olhos vistos ou “ouvidos escutados”.

Outro fato que me fez refletir foi, ler uma carta-resposta da estudante Mariana Gomes direcionada à repórter Rachel Sheherazade  do SBT (e que eu partilho de sua opinião em muitos assuntos), que se popularizou por suas críticas centradas, coerentes, “classudas” e ferinas na maioria das vezes. Com muito humor ela responde a uma crítica dura feita pela reportar que, sem fundamento destila sua opinião em relação à Dissertação que defendeu a estudante, que leva o seguinte título: “My pussy é o poder”. Eu não sei o conteúdo da Dissertação, não posso falar mais a respeito, mas o assunto de fato não é esse, e sim o do prévio julgamento de um mundo que não conhecemos de fato e por compararmos ao nosso acabamos sendo injustos. Pude perceber que há um erro recorrente em quem tenta se posicionar sempre em relação aos acontecimentos de uma sociedade em geral. Caímos no erro do próprio erro, simples. Julgar para se ter o que falar já que a postura é de ter sempre uma opinião por acharmos que sabemos tudo, ou por termos realmente que responder sempre a perguntas que, muitas vezes (na maioria delas) nem sabemos as respostas. Ou por ignorância simples mesmo, por desconhecermos fatos relevantes do lado oposto ao que conhecemos/ que não deveria ser o caso, nem o dela, nem o meu.

Fui a muitos shows de pagode já com irmãs e amigas (NÃOOO SOUUU TÃOOO SÉRIA OU CARETA ASSIIIIIM - não mesmo), mas não gosto das letras, não sou de dançar até o chão, mas acredito no ritmo rico que possui. No funk tem aquele ritmo das batidas, eu creio que haja um exagero nos volumes e gritos, também não gosto das letras, arrocha e músicas bregas não fazem meu estilo, eu realmente não curto muito o "apelo" popular, mas eu sei que fará o de muitas pessoas que curtem uma “dor de corno” escutando cláaaaaaassicos da música que realmente ouve é quem gosta tem costume de escutar. Isso não me faz especial, ou melhor, nem faz quem escuta, ter um gosto menos apurado ou ser mais rico cultural e intelectualmente, já que da cultura popular só entende mesmo quem vive e muitas vezes a vivência FALA MAIS de que o academicismo ou o mundinho que muitas vezes vivemos.


Fica aqui a minha retratação em relação ao Leleke lek lek e digo que não se tratou de julgamento por origens e sim por  um desejo (por achar que a música não referida não possui esse papel) de querer ver a cultura chegar a quem não tem o direito à educação de qualidade e a se manifestar de forma construtiva, sem negar a vivência que cada um possui.


Ps.: O motivo maior da minha retratação foi escutar minha mãe cantarolando o Leleke lek lek. Bom, se até a minha mãe (sempre tão sábia) mostra-se abrangente e receptiva ao apelo popular... (Zuando, mas foi verdade!)



Eu mudei minha opinião depois de muito ler, escutar e me atentar para fatos. Ter pontos de vista próprios é importante, mas saber reconhecer um erro de julgamento é ter tolerância e creio que relatar isso seja exemplo de como podemos procurar compreender a diversidade que nos cerca e fazer isso sem culpa.


Sigo tentando aprender e fazendo a minha parte... Aaaaaa Leleke lek lek lek lek, aaaaaaaaaaah... 



E para completar o post, eu recebi essa semana de um grande amigo o link de uma paródia do Leleke lek lek que me fez quase “estourar” de tanto rir. Repassando, boa gargalhada!!! 







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